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sábado, 22 de setembro de 2012

Gaia

Lá de onde eu venho, sobrou só a alma daqueles que imploram por água, alimento e alguma bondade humana. Sobrou só uma alma fragmentada de sofrimento, de magreza. Venho de um continente esquecido, largado pelo poder, pela guerra de tribos e religiões, pela marca escancarada do dinheiro daqueles, que são corrompidos pelo lucro e que não medem esforços para conseguirem o que quererem.

 Mesmo que para isso, famílias sejam separadas e destruídas, explosões sejam feitas e o poder militar exercido em excelência. Para calar a boa daqueles que sabem demais e querem fazer demais. Para manter tudo como está, ou até, se ainda possível, piorar.

Do gigante continente que venho, nasceu a civilização. nasceu a dança, o teatro, a política, a comunicação, a escrita, a arte. Grande retribuição do ser humano. Pra quê arte? Isso é coisa de vagabundo ou apaixonado. Pra quê política? Isso é coisa de corrupto, nem sabemos o que é...pobre e limitada visão. Pra que civilização? Se não conseguimos nos tolerar? A destruição está muito mais aparente do que percebemos...ou se percebemos. 
Não sei o que vem e me corrói por dentro. De forma escura, dura, drástica. Me consome.Algo com pitadas de orgulho, angústia. Algo como terra que seca e endurece...Uma hora o laboratório da alma para.

No que tange a dor, me desfaço em migalhas, esqueço o real, o lógico e reconstruo a cena, o sentimento, até o pecado. Não é bolha, não é fuga nem terapia. Devaneio às vezes é remédio.
No mais tardar das interpretações, eles não entendem o porquê da arte e o porquê de se fazê-la, executá-la. Muitos se mostram com opiniões mundanas, divagadas e fundadas no ócio. Como se arte fosse fazer nada, fosse apenas divertimento e coisa de gente vagabunda. Não entendem que muitos absorvem sua essência no intuito de dissolver mágoas, névoas, ódios. Ou no intuito de se expressar a revolta com injustiças, como o social e por aí vai.... a base da fundamentação artística