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sexta-feira, 23 de julho de 2010

Sevilla

Sevilla tem algo de mágico. Em seu solo, em seu ar. É a mistura mais pura que já vi. De culturas, cores, casas ,flores, personalidades , sabores e sensações. É uma cidade que transpira e exala em suas flores e expressões, o flamenco. Perder-se por suas ruas estreitas, sotaques e aromas é entrar em uma viagem sem volta, é estar em um paraíso. Enormes portas, casas mouras com jardins, flores em janelas decoradas, casas coloridas e antigas,tabernas escondidas e cavernas que abrigam bailaores, artesãos e músicos.A Espanha é mágica , sensual.Mostra isso em suas cidades , estradas e traços. Sevilla foi o lugar que me chamou mais atenção.Espetáculos por toda a parte, bares , cafés, olhos espalhados por todos os lados.Praças... sim as milhões de praças, dentro da magnífica arquitertura de Sevilla , são recheadas de música, sangría e tapas que são os famosos tira-gostos espanhóis.

Não há nenhuma terra, creio eu , mais rica que Sevilla, mais quente que seu povo, seu clima e seus movimentos. Os olhares fortes dessa cidade encantadora guardam séculos de magia e cultura, mesclados com o ardor da arte e com as tradições religiosas de cada um que colocava o pé nesta terra.Ficará marcado para sempre minha ida e estadia por lá, além de estar guardada a minha paixão pela terra, brisa e pelo povo andaluz.

quinta-feira, 8 de julho de 2010


O flamenco é a arte da expressão através da dança, do canto e da música. O nome deriva do árabe jelah mengu, que significa camponês foragido. Essa arte reflete a história dos povos ciganos e é uma mistura de influências espanholas, judaicas e muçulmanas. Surgiu há muito tempo, aos poucos e clandestinamente, por onde passavam os povos perseguidos no sul da Espanha, região de Andaluzia, no tempo da Inquisição.

O flamenco é uma das maiores manifestações da cultura espanhola. Tendo incorporado toda a história dolorosa de seu surgimento, o flamenco é, antes de tudo, expressão. Cada movimento significa um estado de espírito do povo cigano que, apesar da tristeza, também compartilhava momentos de intensa alegria.

Intensidade é a palavra chave do flamenco. Nos sapateados mais ligeiros ou nos taconeos mais pausados, está o compasso do coração do bailarino. Bater os pés é ganhar coragem através da energia e da força da terra. A fluidez dos movimentos de mãos e braços contém a paixão e a alegria que se misturam à melancolia e à tristeza, de acordo com os significados de cada música. As palmas marcam os compassos e chamam a vida para acender a dança. Na postura firme e decidida do corpo, na expressão do olhar, o bailarino flamenco demonstra a vitória dos povos que, por mais que sofressem, conseguiram viver a sua arte e trazê-la aos dias atuais.

Atualmente, o flamenco continua sendo a manifestação da alma da cada pessoa. É colocar para fora os sentimentos, compartilhar as emoções através da música, do canto e da dança. Flamenco é a dança da beleza, da energia e do prazer. Com a dança flamenca, pode-se trabalhar a desinibição e a autoconfiança, além de liberar as tensões do cotidiano. A sua prática também traz benefícios para o corpo, com o fortalecimento dos músculos, a melhora da capacidade aeróbica, da postura, da mobilidade, agilidade e consciência corporal.

Ser flamenco é saber se expressar, é saber manifestar as diversas emoções da vida através da dança.

Texto de Ana Pires – bailarina e professora do Soleá Tablao Flamenco, em Belo Horizonte

Pies.



E esse fardo de emoções que não se cansa de massacrar a mina própria razão?Não há como mais opinar, criticar imparcialmente.Sentimentos. Todos depositados em passos de danças e expressões sanguinárias de uma “Farruca” de Paco de Lúcia ou interpretada por Antônio Gades.Flamenco é mistura de ciganos , árabes,judeus e teve influência de outros povos .É a mescla de culturas, raças e crenças.Com olhos fortes, os que carregam o broto flamenco de Andaluzia no coração sabe do que falo. A paixão flamenca e cigana não precisa correr no sangue. Apenas no coração.

Cada passo, compasso, cada toque no cajón e cada acorde lembram o ardor a dor e o amor, sentidos ao dançar. O sofrimento das mulheres de Toledo e alegria de Sevilla.
Não há leveza não... São pesadas as danças , os palos secos.Por mais que as sevillanas e guajiras sejam alegres ,são de origem flamenca e são enérgicas por si só. Carregam em si a mesma força que os ciganos trazem em seus olhos nômades. Os tablados, guitarras espanholas e figurinos que unidos tornam dos bailarinos, um grande mistério. Misturas de flamenco com tango , dança do ventre e outras... Loucas danças que enriquecem ainda mais o ato de libertar-se.

Libertar-se como as mulheres que começaram a dançar a Farruca, antigamente apenas dançanda por homens. Revirar as mágoas dos que bailavam para suprir alguma perda, sofrimento.Ou comemorar, festejar bailar apenas por bailar. Colocar toda a força da raiva, da felicidade e da angústia em movimentos, sapateados fortes, golpes, “puntas” e movimentos de mãos. Ao término da coreografia, saber que o dever foi cumprido.Para o público e para si mesmo.O dever com a dança, com o flamenco.

Mouni Dadoun.