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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Quem nos dera se apenas um grito, como eu achava, fosse o bastante para mobilizar sentimentos, opiniões , ações. Eu, você, o bicho homem...Não sabíamos que o braço materno que dormíamos e que, ao mesmo tempo lutávamos , não estará ali para sempre. Não estava no nosso consciente que tudo é passageiro, mesmo vivendo nesse mundo doido, nem soubemos estabilizar problemas humanos, sociais, muito menos,soubemos erradicar questões individuais que nos impediam de viver e ao mesmo tempo criavam obras literárias, artes plásticas, peças de teatro e danças.
Sábia injustiça do destino. Privar-nos de sabedorias que teremos apenas depois de experiências e perdas. Quando você perde o que chama de excesso, percebe que aquilo não era exagero algum. Aquilo que se esvai então, dá lugar ao vazio. Qualquer relação, sentimento que se perdermos, sentiremos falta mas se essa energia se manter sobre nossos corpos e mentes, acharemos bobagem ligar pra isso, pros outros, pro tudo. Ah. Ingênua desvalorização do ser humano para o tudo, sistemas, relações humanas, humanitárias, mundo.

Mouni Dadoun.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Rodeia-nos com minutos, segundos.O tempo nos engana e se mostra em rugas, cores desbotadas, rastros, idéias enterradas.Aquela carreira que ficou para trás, ou o filho que não veio.Mudanças que nem tardiam foram, pois não aconteceram.Ele é eterno, brilha com o sol e nós somos ingênuos cobais de seus planos.Escravizados, lutamos contra ele, com cremes, sonhos, justificativas e irracionalidade. Desde antigas civilizações ele tenta ser organizado , mas nunca poderá ser diminuído , erradicado, parado.Por mais doloroso que seja, ele é necessário, natural e passa. Passa em cabelos, jornais, ponteiros , filhos e gerações, em um cigarro. Ele aparece no novo que fica velho, no carro trocado, no olhar para trás, na presença familiar, no olhar materno acreditando que poderá ver as crianças crescerem.

Passa no olhar do mais sábio, do mais velho.Tenta-se fugir, eternizá-lo em fotos, documentos, livros,música, poesia, danças de antepassados.O que conseguimos, e quando conseguimos , é guardar um pouquinho da essência do que queremos representar.Não sabemos lidar com o dito tempo; temos medo, receio já que tentamos viver um futuro ou reviver um passado , sendo que deveríamos estar em nosso lugar, no presente , no momento.

Mouni Dadoun.