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terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sobre a mesa um copo d água com um ramo de margarida dentro e da janela, lamúrias voltavam e se fixavam no papel. Na mesinha, em madeira, a moça, em postura de donzela, debulhava-se em histórias, transformando tudo o que via e tecendo o que sentia em palavras. Cada uma com um cheiro, uma cor, uma intensidade. Ah, seus humores, esses tinham personalidade. Caminhavam de acordo com tempo, o céu e a lua. E quando ventava, já notava que algo de importante ia acontecer, como mãe de Ana Terra já dizia. Como poemas de Mário Quintana, a moça não tinha rumo, futuro. Desejava o aqui e o agora, pensava no momento, sem meias palavras. O moço, que sempre estava ao seu lado, iluminava tudo, com apenas um sorriso. Um olhar, ou um abraço substituía qualquer palavra que, na maioria das vezes, saía com timidez, em baixo tom Tinha um olhar baixo, esse moço. Tocava seus acordes com tanta precisão, sabia lidar mais com instrumentos do que com gente de pele e osso. Distante, esse moço, distante.

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