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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Nem todos os livros da Babilônia destruída fariam do homem, sábio por inteiro. O esclarecimento vital vem do amor consumido, do ódio liberado, do brilho do olho, do prazer da labuta. Vem não só de escritos sagrados, mas vem dos observatórios freqüentados, da experiência em si e das anotações na mente. Na memória emocional ou no traço da vida. Mesmo os que não possuem veia poética ou cultura armazenada, podem esclarecer simples dúvidas dos mais barbudos que vivem em cavernas, solitariamente.

Os boêmios de olhos grandes e escuros, cobertos por sobretudos e enrolados em cachecóis ,perambulam por ruas úmidas e frias , e dão à luz poemas e prosas sedimentados a partir da cana, da fada verde do barulho da brasa que consome o tabaco. Os amaldiçoados como Rimbaud se escondiam em pontes e caminhavam contra os rumores dos dramas de revoluções sociais, de nações que se preocupavam apenas em adquirirem impostos e terras.

Cortiços incendiados davam lugar a enormes prédios que mudavam seu físico a partir de revoluções culturais. Abrigavam o repúdio ao menor, ao subúrbio e financiavam o superficial do lucro. Os poemas e prosas, bêbados e contraditoriamente sóbrios foram deixados para trás pelos ditatoriais governos disfarçados com uma falsa democracia.

Mouni Dadoun.

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