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domingo, 19 de setembro de 2010

O peso do calor da tarde caía sobre seus olhos cansados, caía sobre seu corpo estático. Pensava apenas em fugir dali, mas sem sair, sem se mexer. Não queria sair de seu lugar, queria que as pessoas ficassem longe, se desmaterializassem de sua mente e de seu cotidiano, queria que elas se mexessem. Tinha sede de viver em outras mínguas, às vezes em cidades acordadas, às vezes em ruas adormecidas. Já tinha quase o bastante para poder sorrir aos ventos, ou poder respirar, suspirar como quem cheira qualquer margarida, alecrim. Como alguém que entrasse em uma pequena casa de madeira e escutasse qualquer música que estivesse no compasso de seus pés, de sua dança, de seus humores.

Tocava com suas mãos silenciosas, os frutos do verão, as rosas de primaveras ou a água de chuvas passadas, o orvalho. Seu universo tinha uma textura original, tinha diferentes cores, respirações, aspirações de diversos tipos. Não compreendia seu próprio sol, sua própria dança a qual ainda tinha a esperança de dominar.

Mouni Dadoun.

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